Empreender é um ato constante e consistente de aprendizagem. Quanto mais aprendemos, melhor empreendemos.
Eu sempre gostei de observar como um artista aponta seu lápis. Diferente da maioria das pessoas, os artistas não costumam usar apontador. Eles preferem raspar a ponta do lápis com uma lâmina, a fim de conseguir mais precisão no corte, até chegar na espessura e formato que considere perfeitos para dar vida à sua arte. Esse é um processo semelhante à lapidação de uma pedra preciosa, que ao ser cuidadosamente lapidada pelo joalheiro, deixa de ser bruta e se torna uma joia de imenso valor.
Eu que desde pequena gostei de desenhar, sempre considerei esse um processo fundamental para construir com precisão qualquer trabalho – ou arte. Mergulhando na jornada empreendedora, percebo que por lá acontece a mesma coisa: a cada dia lapidamos processos, melhoramos detalhes, evoluímos procedimentos a fim de tornar nosso negócio cada vez melhor. Com a ponta do lápis mais afiada, conseguimos fazer traços mais assertivos no papel. E com isso, fazer melhor o nosso papel como empreendedores.
Ao final de cada trabalho que entregamos na Essence, pedimos a gentileza de receber um feedback do nosso cliente. Mas a cada vez que um cliente vem até mim e pede espaço para me dar um feedback sincero de forma direta, é um dos meus momentos de maior celebração. Como alguém que sempre nutriu um alto nível de criticidade sobre tudo (sobretudo comigo mesma!), um feedback não é necessariamente um momento confortável ou delicioso. Mas por mais doloroso que seja, ele arranca uma lasquinha de mim e me faz ficar um pouquinho mais afiada – assim como o lápis do artista.
A dor de receber uma lâmina diretamente na sua jugular não é a melhor coisa da vida, mas o resultado disso pode ser. E quando eu vejo que aquela lasquinha que me impedia de operar na minha melhor qualidade agora não faz mais parte de mim, eu sou capaz de escrever melhor os próximos capítulos da minha história.
Eu não quero que esse seja um texto motivacional sobre a importância de receber feedbacks, mas sim sobre a importância de continuar se lapidando.
Afinal, um lápis que não é apontado alguma hora para de riscar. Ou seja, a lapidação nada mais é do que a única forma de nos manter riscando (e arriscando!).
Se eu aprendo mais sobre qualquer coisa, aprendo mais sobre o meu negócio e sobre como liderar e gerir melhor. Todo empreendedor precisa ser um eterno aprendiz. Na minha visão, faz parte do perfil e comportamento típicos de quem quer empreender, o que quer que seja. Inclusive, ele poderia se chamar “aprendedor”. Acredito que esse termo cairia muito bem.
Pensando nisso, separei algumas dicas para nutrir o “aprendedor” que existe dentro de você:
- Olhe pro mundo como uma criança: Crianças são naturalmente curiosas. A curiosidade nos permite nunca perder o costume de querer entender as coisas, por mais que o mundo nos diga que “é assim mesmo”. Pra mim, não tem coisa pior do que isso. Nunca me conformei quando minha mãe dizia que algo “era assim mesmo”. Nunca é. Sempre há um porquê. Por mais que nós meros humanos ainda não saibamos responder. E tá tudo bem não saber responder. Só não concordo em me conformar com qualquer resposta.
- Não se conforme com qualquer resposta: Pois é. Afinal, a parte mais importante de tudo é fazer as perguntas. E perguntas bem feitas merecem respostas – ou tentativas de respostas – à altura.
- Nunca deixe de perguntar: Perguntas são o início de muitas reflexões e descobertas, e elas são uma grande ferramenta de aprendizagem. O que precisamos fazer é saber como perguntar. Mas essa reflexão eu vou deixar pro meu companheiro Ryo Penna, que fez um TEDx incrível sobre A Sabedoria das Perguntas. Você pode continuar essa reflexão por lá.
Gerir um negócio exige uma combinação de incontáveis habilidades, a serem desenvolvidas – e lapidadas! – dia após dia. Se “cada cabeça é um mundo”, imagine liderar dezenas, centenas ou até milhares de mundos, diariamente? Entender de gestão muito frequentemente é entender de gente. E para entender de gente é preciso estar sempre aberto a aprender a enxergar novas perspectivas.
É por isso que eu acredito que gerir marcas com alma é sobre antes de mais nada, compreender a essência daquele negócio e perceber como ele verdadeiramente toca as pessoas. Daí em diante, o resto do trabalho fica muito mais simples.
Se você pensa diferente, não concorda com algo que leu aqui e enxerga por outra perspectiva, chegue mais! Isso significa que temos a oportunidade de ter uma boa e enriquecedora conversa e aprendermos juntos! Se você vê o mundo assim como eu, chegue mais também! Independente de qualquer coisa, espero poder ter deixado uma marquinha na sua alma com essa reflexão. 🙂